Imposição das mãos: para que serve? Eu também posso fazer isso?
Estender as mãos sobre a cabeça de uma pessoa ou sobre um
objeto, na medida do possível com contato físico, é o gesto litúrgico mais
comum na administração dos sacramentos, um dos mais ricos em significado.
Este gesto foi valorizado por
Jesus e seu desejo era de que se mantivesse no tempo: “Estes sinais
acompanharão os que creem: (…) imporão as mãos sobre os doentes e serão
curados” (cf. Mc 16, 17-18). Portanto, esta possibilidade está ao alcance de
todo aquele que crer.
O texto não diz que estes
sinais acompanhariam somente os apóstolos. De fato, nos Atos dos Apóstolos (9,
17), vemos Ananias, um simples fiel, impondo suas mãos sobre Saulo para que se
recuperasse da cegueira e ficasse cheio do Espírito Santo.
Uma das funções deste gesto
hoje é servir de ponte para que Jesus transfira seu amor e sua compaixão.
Os apóstolos o utilizaram
sobretudo para comunicar o dom do Espírito Santo, e a Igreja também o usa na
administração de todos os sacramentos.
Do ponto de vista
sacramental, quem tem o poder de impor as mãos é somente o ministro ordenado
(sacerdote, bispo), que tem a potestade de Cristo.
Mas fora dos sacramentos,
todos os fiéis podem impor suas mãos, para abençoar, pedir a intercessão de
Deus, pedir a cura de um doente ou a presença do Espírito Santo em alguma
pessoa.
Impor as mãos é permitir que
o Senhor que use nossas mãos como um meio especial de contato para a bênção. É
o poder de Deus que se reflete fisicamente (cf. Romanos 1, 20).
Este gesto não se limita
apenas à ação de um superior sobre um inferior, como de pai para filho, por
exemplo. Os “iguais” também podem usar este dom, por exemplo, os esposos entre
si. E também de inferior a superior, como quando o Papa Francisco, em sua
visita à Croácia, quis que um padre que foi torturado lhe impusesse as mãos.
Infelizmente, esta ação é
pouco usada por sacerdotes e fiéis. Digo “infelizmente” porque onde a Igreja
deixa um vazio, tal vazio é logo preenchido por outras ofertas “pseudoespirituais”.
A imposição das mãos pode ser
considerada como um sacramental e pode ser administrada por leigos (cân 1168,
SC 79). É lícito que um fiel reze por outro com este gesto de intercessão. Não
há razão alguma para proibi-lo, nem perigo algum em fazê-lo. Mas a fé de quem
impõe as mãos é importante para sua eficácia.
Recomendações ao fazer a
imposição das mãos
1. Pureza de intenção: pedir
que Jesus aja através de você.
2. Fazer o gesto sem
solenidade, sem buscar protagonismo, e sim com simplicidade.
3. Dar exemplo de vida cristã
e entrega sincera a Deus.
4. A imposição das mãos deve
conduzir aos sacramentos e a uma melhor e mais autêntica vida eclesial. Não é
um substituto dos sacramentos.
5. Não usar o gesto em
ninguém se que negue a recebê-lo.
6. Conhecer a pessoa a quem
se vai impor as mãos (cf. 1 Timóteo 3, 1-13; Tito 1, 5-16).
7. Não tirar o caráter
cristão e sagrado deste gesto, misturando-o com coisas esotéricas ou nada
semelhante. Nem imitar estilos de fora da Igreja Católica.
8. Quanto às missas de cura,
é preciso recordar que todas as missas, de cura ou não, são santas e também
curam. Não se pode aceitar que os fiéis vão somente a missas de cura, e não
frequentem a missa dominical em sua paróquia.
9. Recordar que impor as mãos
não confere mais poder à oração, porque se pode orar por uma pessoa igualmente,
com igual ou até maior eficácia, estando longe dela.
10. Este gesto, quando feito
por um fiel, deve ser feito em silêncio; não convém fazer orações em voz alta
neste momento, para não dar a entender que a pessoa que impõe as mãos tem algum
poder extraordinário.
Por Pe. Henry Vargas Holguín via Aleteia
