Papa: não basta encontrar Jesus para crer n'Ele, se o coração estiver fechado
Não basta encontrar Jesus para crer n’Ele, não basta ler
a Bíblia, o Evangelho, não basta nem mesmo assistir a um milagre; se o coração
estiver fechado, a fé não entra: foi o que disse o Santo Padre no Angelus deste
domingo.
Na alocução que precedeu à oração mariana, o Pontífice
comentou o Evangelho do dia, no qual Jesus – após ter feito o grande milagre da
multiplicação dos pães – parte da experiência da fome e do sinal do pão para
revelar Ele mesmo e convidar a crer n’Ele.
O povo o procura, o povo o escuta, porque ficou
entusiasmado com o milagre. Mas quando Jesus afirma que o verdadeiro pão, dado
por Deus, é Ele mesmo – explicou o Papa –, muitos se escandalizam, não
entendem, e começam a murmurar entre si. Então Jesus responde: “Ninguém pode
vir a mim, se não o atrai o Pai que me enviou”.
Esta palavra do Senhor impressiona-nos e nos faz
refletir, observou Francisco. “Esta palavra introduz na dinâmica da fé, que é
uma relação: a relação entre a pessoa humana – todos nós – e a Pessoa de Jesus,
onde o Pai desempenha um papel decisivo, e naturalmente também o Espírito Santo
– que aí está subentendido”, acrescentou o Santo Padre.
“Não basta encontrar Jesus para crer n’Ele, não basta ler
a Bíblia, o Evangelho – mas isso é importante, hein?, mas não basta; não basta
nem mesmo assistir a um milagre, como o da multiplicação dos pães... Muitas
pessoas estiveram em estreito contanto com Jesus e não acreditaram n’Ele, pelo
contrário, desprezaram-no e o condenaram.”
Dito isso, Francisco perguntou-se: por que isso? Não
foram atraídas pelo Pai? E Respondeu: não, isso aconteceu porque o coração
dessas pessoas estava fechado para a ação do Espírito de Deus.
“Se você tem o coração fechado, a fé não entra. Deus Pai
sempre nos atrai rumo a Jesus: Somos nós a abrir ou a fechar o nosso coração.
Ao invés, a fé, que é como uma semente no profundo do coração, desabrocha
quando nos deixamos ‘atrair’ pelo Pai rumo a Jesus, e ‘vamos até Ele’ com ânimo
aberto, com o coração aberto, sem preconceitos; então reconhecemos em seu rosto
o Rosto de Deus e em suas palavras a Palavra de Deus, porque o Espírito Santo
nos fez entrar na relação de amor e de vida que existe entre Jesus e Deus Pai.
E aí recebemos o dom, o presente da fé”, explicou o Santo Padre.
Então, com esta atitude de fé, acrescentou o Papa,
podemos compreender também o sentido do “Pão da vida” que Jesus nos dá, e que
Ele expressa da seguinte forma: “Eu sou o pão vivo, descido do céu. Se alguém
come deste pão viverá eternamente e o pão que eu darei é a minha carne para a
vida do mundo” (Jo 6,51).
“Em Jesus, em sua ‘carne’ – ou seja, em sua humanidade
concreta – está presente todo o amor de Deus, que é o Espírito Santo. Quem se
deixa atrair por esse amor caminha rumo a Jesus e vai com fé, e recebe d’Ele a
vida, a vida eterna.”
Após a oração do Angelus, antes da saudação aos vários
grupos de fiéis e peregrinos presentes, o Santo Padre recordou que 70 anos
atrás, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, se verificaram os terríveis
bombardeios atômicos sobre Hiroshima e Nagasaki:
“À distância de tanto tempo, esse trágico evento ainda
suscita horror e repulsão. Ele tornou-se o símbolo do desmedido poder destrutivo
do homem quando faz uso destorcido dos progressos da ciência e da técnica, e
constitui uma advertência perene para a humanidade, a fim de que repudie para
sempre a guerra e proíba as armas nucleares e toda arma de destruição em massa.
Essa triste data nos chama, sobretudo, a rezar e a empenhar-nos pela paz, para
difundir no mundo uma ética de fraternidade e um clima de serena convivência
entre os povos.”
“De toda a terra – disse ainda o Papa – se eleve uma
única voz: não à guerra, não à violência, sim ao diálogo, sim à paz! Com a
guerra – acrescentou – sempre se perde! O único modo de vencer uma guerra é não
fazê-la!”
Em seguida, o Pontífice voltou seu olhar para a situação
em que se encontra a República de El Salvador:
“Sigo com grande preocupação as notícias que chegam de El
Salvador, onde nos últimos tempos se agravaram as dificuldades da população por
causa da penúria, da crise econômica, dos aguçados contrastes sociais e da
crescente violência. Encorajo o querido povo salvadorenho a fim de que a
justiça e a paz refloresçam na terra do Beato Oscar Romero.”
Fonte: catolica.net.com.br