Misericórdia: uma turista grega salva a vida de um jovem sírio
Depois de 13 horas lutando em alto-mar, ele foi salvo pela
mulher de 42 anos: “Não sou uma heroína. Fiz somente o que os seres humanos
fazem”
Os migrantes e refugiados gritam por ajuda, e a
resposta está no Evangelho da Misericórdia. Este é precisamente o convite do Papa
Francisco para o
102ª Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que será comemorado em 17 de
janeiro de 2016.
Em
meio ao cenário de dor que o mundo tem presenciado, a misericórdia aparece como uma flor no deserto – ou
melhor, no Mediterrâneo, no testemunho concreto de uma turista grega que salva
e consola um jovem sírio exausto depois de lutar durante 13 horas em alto-mar.
“Meu
nome é Sandra Tsiligeridu, tenho 42 anos e não sou uma heroína. Fiz somente o
que os seres humanos fazem. Todos teriam se comportado como eu, se estivessem
no um lugar”, disse ao jornal italiano Repubblica.it.
A
mulher salvou de uma morte certa o jovem Mohammed. A foto que deu a volta ao
mundo representa uma Pietà moderna (a escultura de Michelangelo exposta na
Basílica de São Pedro): uma mãe que abraça um filho ferido e o conforta em seu
colo.
O
fato ocorreu quando Sandra, que viajava em companhia de sua filha de 8 anos e
seu esposo, no dia 27 de agosto à tarde, voltava de lancha de uma excursão
perto da ilha Peserimos, na Grécia.
Ela
contou que viu as mãos do jovem na superfície da água. “Percebi que era um
homem em apuros e comecei a gritar. Então, nós nos aproximamos”. Ela não
conseguia conter as lágrimas: “Eu não conseguia parar de chorar”. Ela só
repetia: “Pobre homem… Pobre homem…”.
Assim
que conseguiram colocá-lo na lancha, ainda tremendo, em estado de hipotermia, o
jovem se apresentou: “Meu nome é Mohammed Besmar e venho da Síria”. Depois, ele
perguntou à mulher: “Por que você está chorando?”. A resposta foi um silêncio e
o abraço consolador.
Mohammed
partiu da Síria com outras 40 pessoas. No meio da viagem, um dos remos do barco
caiu no mar e ele foi recuperá-lo. No entanto, as ondas o afastaram da
embarcação.
Depois
do gesto simples de misericórdia da família Tsiligeridu, Mohammed não é mais um
número nas estatísticas de mortes no Mediterrâneo. A foto deste encontro se
tornou um símbolo da misericórdia que se esconde em gestos simples, mas vitais.
Todos
nós podemos, dentro das nossas circunstâncias, ser o rosto misericordioso de
Deus.