Papa fala sobre refugiados e sociedade atual em entrevista
A
Rádio Renascença de Portugal publicou nesta segunda-feira, 14, a entrevista que
o Papa Francisco concedeu na semana passada à jornalista Aura Miguel (com o
Papa na foto), por ocasião da visita dos bispos portugueses ao Vaticano.
Na conversa de mais de 40 minutos, Francisco recordou,
inclusive, ter prometido voltar ao Brasil em 2017 para as comemorações dos 300
anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
O Papa afirmou que a crise de refugiados é somente a “ponta do
iceberg” de um problema muito maior.
“Por baixo disso esta a causa, e a causa é um sistema
socioeconômico malvado, injusto, porque dentro de um sistema socioeconômico,
dentro de tudo, dentro do mundo, falando do problema ecológico, dentro da
sociedade socioeconômica, dentro da política, o centro tem que ser sempre a
pessoa. E o sistema socioeconômico dominante hoje em dia tirou a pessoa do centro
e colocou o deus dinheiro, é o ídolo da moda”.
A jornalista então recordou a exortação que o Papa havia feito
no ano passado no Parlamento Europeu, para que, sobre a crise dos refugiados,
se atuasse sobre as causas e não apenas sobre os efeitos.
“Onde as causas são a fome, criar postos de trabalho, investir.
Onde a causa é a guerra, buscar a paz, o trabalho pela paz. Hoje em dia o mundo
está em guerra, está em guerra contra si mesmo, ou seja, o mundo está em
guerra, como eu digo, por entregas, por pedaços, mas também está em guerra
contra a terra, porque está destruindo a terra, a nossa casa comum, o ambiente,
as calotas polares estão derretendo…”.
Sociedade
narcisista
Sobre o individualismo que marca a sociedade atual, na qual se
espera uma “felicidade fácil e sem problemas”, o Papa afirmou que a educação é
a chave para transformar a “civilização narcisista”.
“A educação aos riscos sensatos. Buscando metas, avançando, não
ficando inerte e se olhando no espelho, não. Assim vai acontecer conosco aquilo
que aconteceu com Narciso, que de tanto olhar seu reflexo na água, tão lindo,
blurp, se afogou”.
Em referência a uma das exortações de seu Magistério para que a
Igreja seja uma Igreja em saída, Francisco ofereceu um novo ponto de vista para
explicar este chamado.
“Às vezes, nos apropriamos de Jesus e esquecemos que uma Igreja
que não é uma Igreja em saída, uma Igreja que não sai, mantém Jesus preso,
aprisionado.
– Foi por causa disso que o senhor foi eleito Papa?, perguntou a
jornalista portuguesa.
“Isso você deve perguntar ao Espírito Santo (risos)”.
Por
Rádio Vaticano