Sudão do Sul: educação e cultura
Eles
já ergueram 60 escolas elementares espalhadas por todas as dioceses do Sudão do
Sul para 13.500 crianças terem acesso à instrução/educação. Agora estão
lançando um novo projeto agrário para ensinar às pessoas a cultivar a terra,
que é fértil e generosa. Esta é a obra de dois missionários salesianos no Sudão
do Sul, o padre Vicente Donati e Tiago Comino, salesiano irmão, que a Agência
de Notícias Salesianas (InfoANS) entrevistou. Leia abaixo:
InfoANS:
Comino, como nasceu o projeto das escolas?
Foi
um projeto que teve muitas dificuldades no início. Muitos eram céticos, mas o
então reitor-mor, padre Pascual Chávez, nos deu o seu aval para começá-lo em
2013. Neste verão, no encontro dos jovens no Colle Don Bosco, tivemos o prazer
de dizer-lhe pessoalmente que 60 escolas já estão prontas.
Pensamos
em levantar escolas no Sudão do Sul porque quando se tornou independente, em 2011,
ficara reduzido a um acúmulo de escombros. Toda a infraestrutura, hospitais,
igrejas, escolas e obras sociais tinham sido destruídas quase totalmente. Vista
a impossibilidade de o governo resolver o problema, chegamos a pensar que a
melhor solução para ajudar a esta nação que nascia seria a educação, que está
na base de tudo. No dia da independência, 70% das crianças não iam à escola.
Pensou-se
num modelo único para todas as escolas: quatro salas e um escritório para os
professores. As comunidades locais pensam na mobília escolar. Nós recebemos um
grande auxílio da Coreia do Sul, onde eu fui missionário por 30 anos. A
Procuradoria Missionária se envolveu com o nosso projeto e lançou uma campanha
para ajudar-nos. O programa continua até hoje, com a realização de 60 escolas,
que não são propriedade da Congregação Salesiana, mas são administradas
diretamente pelas dioceses.
InfoANS:
como se desenrola o projeto escolas?
Nós
fazemos uma visita e com o auxílio de dois especialistas avaliamos os lugares
em que é preciso construir uma nova escola. Para erguê-la são necessários cerca
de quatro meses. O material (ferro, madeira, cimento) chega de Uganda.
Atualmente 13.500 crianças frequentam as nossas escolas e difundimos entre elas
o alegre espírito de Dom Bosco.
InfoANS:
quais são os novos projetos para o futuro?
Um
dos graves problemas que possui o Sudão do Sul é a agricultura, porque 80% dos
produtos (verdura, frutas, cereais) se importa de Uganda que possui o mesmo
tipo de terra que temos no Sul. Pensamos por isso que se os jovens aprendem a
trabalhar a própria terra quando forem adultos saberão fazê-la frutificar. O
projeto que se inicia este ano é o de levantar uma escola agrária. Vim à Itália
para achar os meios agrícolas, os recursos, também um ou dois agrônomos que
possam vir ao Sudão do Sul a fazer a análise do terreno...
O
governo do Sudão do Sul doou-nos uma área de 2500 hectares e ali queremos
erguer uma escola agrícola, que poderia tornar-se um modelo para mostrar ao
povo que a sua terra é muito rica e lhes pode dar tanta comida. Um alerta das
Nações Unidas, há alguns meses, informou que no Sudão do Sul cerca de quatro
milhões de pessoas estão caminhando par a fome.
Trata-se,
por isso, de criar uma mentalidade para levar o povo a cultivar a terra e
poderia ser igualmente uma grande resposta aos imigrantes por fome, para
torná-los independentes e conscientes de que podem cultivar as próprias terras,
haurindo delas quanto precisam sem ter de buscá-lo em outros lugares: eles têm
a comida debaixo... dos pés.
Fonte: boletimsalesiano.org.br