Jesus expulsa os vendedores do templo
Quando o
evangelho nos relata que Jesus pegou um cinto ou um chicote para expulsar os
vendilhões do templo, parece estranho. Naquele tempo as pessoas estranhavam e
também nos dias de hoje. Projetamos sempre Jesus Cristo como aquele que fala
manso e prega a concórdia e harmonia no relacionamento humano.
Para compreender esta atitude de Jesus precisamos olhar mais
fundo, conhecer mais a realidade que provocou esta reação e o ensinamento que
queria transmitir. Precisa ter presente o aspecto econômico e social que o povo
passava naquele tempo. Nessa época, as terras da Palestina estavam nas mãos de
poucas pessoas. E estes pertenciam a elite religiosa como o sumo sacerdote e os
anciãos e moravam em Jerusalém.
O sumo sacerdote era o presidente do sinédrio, o supremo
tribunal que condenará Jesus a morte. Três semanas antes da páscoa os arredores
do templo se tornavam um grande mercado. O sumo sacerdote enriquecia com o
aluguel dos espaços para as barracas dos vendedores e cambistas. Os animais
criados nas terras dos grandes, foram conduzidos a Jerusalém e vendidos a
preços que, nessa ocasião, aumentavam assustadoramente.
Todo judeu maior de idade devia ir a essa festa e pagar os
impostos previstos para o templo. O templo adotara a moeda tíria, como moeda
oficial, pois ela não desvalorizava com a inflação que na época de Jesus, era
muito alta. A lei proibia o ingresso no templo de moedas pagãs.
Porém os gananciosos cambistas burlavam a lei em vista aos seus
privilégios e faziam a troca para uma moeda pura e ganhavam com isso um bom
dinheiro. Jesus expulsou do templo bois, ovelhas, animais usados nos
sacrifícios que o povo oferecia a Deus. Expulsando–os do templo, Jessé declara
inválidos todos esses sacrifícios, bem como o culto que se sustenta graças a
exploração.
Deus, o aliado dos sofredores empobrecidos, sempre denunciou,
através dos profetas a exploração da religião. Deus ouve o clamor dos
explorados e marginalizados. A reação veio da parte dos discípulos que
indicavam Jesus como reformador citando o A.T. “ o zelo por tua casa me
consome”.
A reação dos dirigentes que se sentiam lesados perguntaram com
que autoridade Jesus estava fazendo isso. E hoje? Diante de um mundo que
apresenta tantos desequilíbrios a partir da ganância, da falta de honestidade,
da corrupção? Qual seria a atitude de Jesus?
Qual é a atitude nossa como seguidores de discípulos de Jesus
Cristo? Será que devo continuar tudo sempre assim para o pior?
O mais desperto que sabe mentir melhor, que usa as informações
privilegiados no interesse próprio, será que estes devam ser apoiados e
exaltados?
Se hoje as pessoas vão as ruas, será que Jesus não iria junto
com eles para dizer que devemos mudar no nosso país? A construção do bem comum
não vai acontecer se uns querem se perpetuar nos seus privilégios.
Não com a violência deve se mudar, mas com a conversão. Estamos
na quaresma e aí devemos perguntar até que ponto cada um de nós está apontando
para a verdade na sua vida? Até que ponto estamos olhando para o outro como
irmão e não como concorrente que queremos colocar para tras?
Como é que estamos olhando todos aqueles que estão fazendo a
triste experiência que não são necessários para a nossa sociedade?
Apenas com pena, contemos pelo menos gestos de solidariedade. Eu
vim para que todos tenham vida e vida em abundância. Neste preceito devemos
participar como discípulos e seguidores de Jesus Cristo. Você é capaz para
isso.
Firme na fé e fiquem com Deus.