Papa: “Proteger os filhos dos ressentimentos do casal”
Nesta
quarta-feira de céu nublado na capital italiana, o Papa concedeu a sua última
audiência antes da pausa de verão, prevista para o mês de julho. A Praça São
Pedro recebeu o Pontífice com o carinho habitual, aplaudindo a passagem do
papamóvel. Dezenas de milhares de fiéis, turistas e romanos presenciaram o
encontro.
Nas
últimas catequeses, prosseguindo no tema das Famílias, o Papa analisou algumas
fragilidades da condição humana, como a pobreza, a doença e a morte. Desta vez,
Francisco quis refletir sobre as feridas que surgem no âmbito da convivência,
“quando a família machuca a si mesma”… “a pior coisa!”, disse o Papa.
“Palavras, ações e omissões que, em vez de exprimir amor, corroem-no e mortificam-no”.
Feridas
“E
quando as feridas são subestimadas, acabam degenerando, se transformam em
prepotência, hostilidade e desprezo. O esvaziamento do amor conjugal gera
ressentimentos e a desagregação do casal recai sobre os filhos”, advertiu.
“Quando
os adultos perdem cabeça, quando cada um pensa apenas em si mesmo, quando o pai
e a mãe se agridem, a alma dos filhos sofre imensamente, sentem-se
desesperados. E nós? Não obstante a nossa sensibilidade, tão evoluída, parece
que ficamos anestesiados diante das feridas profundas nas almas das crianças”.
Reflexo
nos filhos
Francisco
continuou dizendo que “na família, tudo está interligado. Quando um homem e uma
mulher, que se comprometeram a ser ‘uma só carne’ e formar uma família, pensam
obsessivamente nas próprias exigências de liberdade e gratificação, esta
distorção fere profundamente o coração e a vida dos filhos.
“Temos
que entender bem isso: o marido e a mulher são uma só carne; mas as suas
criaturas são carne da sua carne. Quando se pensa na dura advertência que Jesus
fez aos adultos para não escandalizarem os pequeninos, pode-se compreender
melhor a sua palavra sobre a grave responsabilidade de salvaguardar o vínculo
conjugal que dá início à família humana. Quando o homem e a mulher se tornam
uma só carne, todas as feridas e todo o abandono do pai e da mãe incidem na
carne viva dos filhos”.
Indiferença
O
Papa fez uma ressalva: “Há casos em que a separação é inevitável; às vezes pode
se tornar até moralmente necessária, quando se fala de salvar o cônjuge mais
frágil, ou filhos pequenos, de feridas causadas pela prepotência e a violência,
das humilhações e da exploração, da indiferença. Terminando a catequese, o
Pontífice destacou a questão do acompanhamento pastoral, por ele muito
sublinhada no âmbito dos debates do Sínodo Extraordinário sobre a Família e
ressaltada também como central no próximo encontro sinodal, em outubro:
“Ao
nosso redor, há muitas famílias que se encontram na situação chamada
‘irregular’ (palavra de que não gosto). Nós nos perguntamos: Como ajudá-las?
Como acompanhá-las para que as crianças não sejam ‘reféns’ do pai ou da mãe?
Peçamos ao Senhor uma fé grande para vermos a realidade com o olhar de Deus; e
uma caridade grande, para nos aproximarmos destas pessoas com coração
misericordioso”.
Por
Rádio Vaticano